terça-feira, 20 de outubro de 2009

Épico.

Trouxe a xícara de porcelana nova e bem polida até minha boca, para degustar algum tipo de chá de ervas do campo, amenizando a tensão que pairava sobre aquele cômodo. O serviçal mais alto estava parado junto à porta gigantesca de onde se podia escutar os múrmurios de nossa hóspede reclamando sobre o quão apertado seu corpete estava.

- Mal posso eu respirar! - Exclamou ela em um sussurro.
- Encolha a barriga, senhorita! Exigiu a sua serviçal.

Elas andavam sempre juntas e isso me deixava completamente entregado aos nervos por não ter um tempo a sós com ela nesse período curto em que ela estaria acomodada nos aposentos de meu pai.
Foi então que as reclamações cessaram e os passos foram ficando cada vez mais audivéis.
Ela adentrou o recinto com uma graciosidade que se não fosse minha mão agarrada à mesa teria cambaleado de encontro ao chão.
Seus cabelos estavam presos em um coque com mechas que lhe caiam onduladas sobre os seus ombros nus. Seus cílios naturalmente longos que davam ao seu rosto redondo um ar angelical, estavam mais escuros e seus lábios perfeitamente contornados com um batom vermelho sangue, dando contraste com seu sorriso de mil estrelas.
Seu corpo perfeitamente encaixado ao corpete lhe acentuava a cintura, com seu vestido bordado descansado por cima. Ela me deixava louco.
Eu tinha de adimitir que de todas as belas moças da província ela era aquela moçoila com seu andar a passos sublimes e quem havia tomado meu coração.

- Você está divina. - Balbuciei.
Ela sorriu meio anjo, meio diabo.
- Fico muito agradecida com o elogio. - Se curvou em agradecimento e dirigiu-se até a porta, arrastando suavemente seu vestido, com a serviçal impertinente em seu encalçe.
Naquele momento tive a certeza de que um amor platônico nascerá em meu peito.