terça-feira, 27 de outubro de 2009

Estava eu parada em frente ao [...]

computador, esperando a sua boa vontade de ligar enquanto eu descansava a última xícara de café que restava na casa, sobre a mesa. Fumegante e com um aroma de café perfeito. O café havia acabado, nem eu nem meu pai tinhamos a vontade que nos levaria até o mercadinho mais próximo que se encontrava na nossa esquina.
Enquanto meu computador fazia barulhos estranhos, porém conhecidos, eu trouxe as pernas junto ao corpo, evitando que a mínima corrente de ar frio entrasse pelo meu casaco.
Eu era filha de um pai solteiro, que ao contrário de muitos outros não tinha nenhum problema para falar sobre a sua ex-mulher, cuja fugiu com seu irmão mais velho para alguma cidade ao sul do méxico e passava a maioria de tempo gastando dinheiro em botóx.
Ele era um pai magnífico, que fazia mágicas com a nossa renda baixa. Éramos confidentes, irmãos, pai e filha.
Ajeitei-me na cadeira, tentando achar uma posição confortável, esse frio excessivo acabava comigo.
Merda! Merda! Merda! Pulei da cadeira rápido e começei a pular pelo quarto.
A última xícara lendária havia tombado por cima de mim, e cara, aquilo queimava!
Peguei a blusa mais próxima que encontrei e passei por cima, assoprando, como se adiantasse.
Enfim, quando me dei por conta qual blusa eu havia peguedo para secar, eu chinguei interiormente.
- Ótimo, Rebecca. Agora sim você merece um prêmio como desastrada e desatenta do ano. Com que blusa eu vou para escola amanhã? Raios! Argh.
Duas batidas na porta me chamaram a atenção.
Então ela se entre abriu e uma parte da cabeça do meu pai se pôs para dentro, dando um toque cômico para cena.
- Tudo certo? Pensei que alguém havia te raptado, eu vim aqui para ver quanto essa pessoa iria cobrar.
Eu tive que rir.
- Ha, pai já pensou em ser piadista? Minha ironia era bem clara e ele adorava fazer piadas disso.
- Sério? Será que eu teria futuro? Acho que vou tentar, tem um circo aqui perto e...
Eu fechei a porta.
- Sim, pai vai lá. Enquanto eu me mudo, depois eu levo seu nariz de palhaço.
Ele gargalhou.
Troquei de blusa rapidamente e coloquei meu casacão por cima, botas de neve e minha boina.
Adentrei a sala, e peguei minha chave colocando no bolso.
- Vai sair? Disse ele com um pedaço enorme de bolo na boca.
Sorri, indo em direção a porta.
- Sinto lhe dizer, mas nosso café acabou. Vou na cafeteria tomar um café.
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Você é o único ser humano em sã consciência que vai ao trabalho em um dia de domingo.
Quase lá fora, eu gritei em resposta.
- Mas eu não estou indo lá para trabalhar, hoje é meu dia de folga, pai.
- Não querida, está indo lá para gastar o dinheiro que você tira de lá.
Eu ri, não havia entendido muito bem, mas devia fazer sentido.
Assoprei minhas mãos, sentindo uma lufada de ar gelado em meu rosto. Enfiei as mãos no bolso e andei cautelosamente pelas tuas congeladas. Digamos que meu equilíbrio não é tão bom a ponto de eu caminhar novamente por essas ruas, nesse tempo.



Impressionante, não consigo não imaginar essa história. É muito longa meu deuso! Não vou escrever, bai :1